sábado, junho 10, 2006

Horas Mortas

Pensamentos obscuros sobrevoam minha claridade tornando-a névoa seca, sem luminosidade, sem cheiro, sem sentimento; assim lamento minha triste sina - na imensidão da noite encontro silêncio, esse barulho infernal que fere a audição, sem tréguas, e vai corroendo cada pedaço meu...
Esse amparo nas horas mortas, que por sinal são as mais agitadas, em que me sento numa esplanada e observo sem comentar. Céu artificial, nuvens irreais, vento que não o é, aves que voam mas na verdade estão estáticas, gente que passa mas não passa, permanecem quietas como que se de um desenho se tratasse. É isto que vejo ali, naquela esplanada que me acolhe diariamente, sem me negar o meu espaço, sem me roubar o momento de constatação do Mundo, da realidade (ou de algo que dizem ser real...).
Já fora de mim vejo-me como um deles, quieto, sem vida própria, andando ao som dos ponteiros de um qualquer relógio que teima em contar os segundos, sem cessar. Teimoso esse relógio!... Pudesse eu tirar-lhe o que lhe dá corda... Pudesse eu ser esse relógio infernal, que nos guia como marionetas.

1 comentário:

Afal disse...

Ó Tempo....pára se faz favor que estou a ficar mal-disposta com a tua roda viva...!