sábado, julho 08, 2006

Bailarico da aldeia

Ontem fui a um baile, não ao baile da paróquia mas muito semelhante. São aquelas festas tradicionais que todas as terriolas fazem em honra do padroeiro, que abençoa cada rua, cada pedrinha de calçada, cada casa e cada família. Aquelas festas pirosas onde toca o "conjunto" as mais variadas músicas pimba - e não me refiro a Ágata, Quim Barreiros ou Tony Carreira mas àqueles pimba que por serem tão pimba ninguém os conhece ( a não ser como covers destes ditos "conjuntos" de baile) e onde há sempre a barraquinha das rifas, onde os prémios não são mais que o lixo que as donas de casa querem dispensar das prateleiras e gavetas lá de casa.
Não ia a um baile há anos. Gosto de observar as pessoas que lá estão: o bêbedo que dança sozinho e levanta a camisola e mete-se com as senhoras que dançam e cai e entorna o copo de vinho e levanta-se e enche o copo novamente; o casal que dança desajeitadamente aos pulinhos; as catraias que dançam juntas, desejosas que o Zé ou o Manel as venham roubar para um pezinho de dança; os velhotes, de pantufas, sentados na cadeirinha trazida de casa; os jovens à volta do bar, a fazer levantamento de pesos e a esfumaçar; o homem do som, a mexer naqueles botões todos; o bebé que chora com o barulho e mãe que o embala para o calar à força pois quer ouvir o conjunto e dali não sairá sem o baile acabar; os rapazes que se babam a ver as meninas dançar (mas que nem ousam convidá-las ao centro pois não sabem como mexer os pés). Famílias inteiras reúnem-se ali, e conversam entre todos e, acima de tudo, divertem-se.
Sinto-me "normal" no meio dos parolos mas depressa reparo que no fundo sou tão parola como eles, pessoas da aldeia, simples, humildes, felizes!, alegres, festivos. Eu, que sou menina da cidade, sinto-me bem ali pois esqueço por algumas horas o rebuliço da cidade, ao mesmo tempo que lamento não ser da aldeia, não ter raízes rurais, não ter a avó "na terra" para a ir visitar aos fins de semana, não poder ir ao clube tomar a bica e jogar cartas, dominó ou à malha com os velhotes.
Tenho tanto respeito por esses a quem chamo parolos!...

Gostava mesmo de ser uma parola da aldeia esquecida na terriola que ninguém conhece.

6 comentários:

Afal disse...

Gostava de não pensar em mim como parola XD mas tenho orgulho de ser de uma terriola e não a trocava por nada^^

Vai um pezinho de dança?
(nos minutos livres...)

Miguel Araújo disse...

Posso começar a chamar-te de parola, se isso te faz feliz...

Beijinhos, parola... ;-)

Afal disse...

Isso era para quem?

Miguel Araújo disse...

Pra quem disse que queria ser parola... cada um no seu blog :-)

Kiss pras 2 parolas fixes ;-)

José Cevada disse...

não resisti a comentar a subtilea da escrita, o meu ultimo post é também um pouco nesta linha, adorei

Unknown disse...

Boas