domingo, maio 03, 2009

Para a minha mãe, que não lê o meu outro blogue.

No dia 14 de Novembro de 2008 abraçou-me uma saudade imensa, uma dor enorme por me sentir sozinha. Tenho 23 anos e preciso constantemente do colo, dos mimos, dos beijinhos e dos ralhetes da minha mãe. Naquele dia foi isto que escrevi:

"Amo-te. Adoro-te. Respeito-te. És a coisa que mais estimo neste mundo embora ás vezes não saiba como o demonstrar. As palavras por vezes ficam por dizer e sinto agora que há muita coisa que te deveria ter dito sem ter medo de ser castigada ou repreendida. Pelo menos teria feito a minha parte. Mas na altura tu não me irias dar ouvidos, ou pelo menos não os ouvidos de ouvir que eu queria que desses.
Sempre fui espectadora atenta da tua vida. E tu sabes tão bem quanto eu que nunca deixei de demonstrar aquilo que achava bem ou mal. Fi-lo por ser quem sou na tua vida. Amo-te. Na medida das minhas capacidades enquanto membro secundário da tua vida privada tentei sempre alertar-te para as coisas que achava mal. Porque apesar de secundária na tua vida pessoal sentimental, sou principal na tua vida. Para sempre. Por vezes pensei: mas quem és tu, pirralha, para te meteres na vida que não é a tua? A resposta é fácil. Sou quem te ama e te adora e te respeita, venha o que vier (e já muita coisa veio).
As coisas que foste fazendo ao longo do tempo, tempo esse em que eu já tinha olhos de ver, ouvidos de ouvir e coração de sentir, fizeram com que eu sentisse a necessidade de ser a tua sombra. Por vezes fui o teu anjo da guarda. Por vezes fui a tua mãe. Por vezes fui a tua tábua das lamentações sem nunca deixar de ser aquilo que na verdade te sou. Fiz as asneiras e fui repreendida. Fiz as experiências e tu acompanhaste-as. Ensinaste-me a ser o que sou hoje. Eu protegi-te com todas as armas que fui tendo, levantei-te com todas as forças que fui ganhando e, pelo bem e pelo mal, a tua vida ensinou-me a viver.
Em nenhum relato da história se ouviu falar na obra-prima que mudou o mestre. Eu tentei desafiar a história e tentarei sempre pois esse é o meu dever enquanto tua criação. Quero ajudar-te (ou pelo menos tentar), aconselhar-te (ainda que não seja essa a lei normal das coisas), apoiar-te (ainda que o faça naquilo que quero contrariar), retribuir o carinho que me dispensaste, a atenção que me deste, os cuidados que comigo tiveste. Quero retribuir todo o amor. O tempo urge, a vida é efémera e vejo os dias a diluirem-se com a noite. Quero-te com urgência mais perto de mim. Enquanto vida existir quero poder espremer cada segundo contigo.
Volta."

E quatro meses depois tu voltaste, e eu... tornei-me na filha mais feliz do mundo.
Obrigado mamã. Adoro-te muito.